HISTÓRIA DE ISRAEL - As invasões


introdução


Neste trabalho está o resultado de uma pesquisa bibliográfica acerca das invasões sofridas pelo povo de Israel ao logo de sua história, seu início e fim, a época em que ocorre, algumas características e influências.
Falaremos da invasão dos assírios, dos babilônicos, dos persas, dos gregos e dos romanos.
Nossa linha do tempo começará em 734 a.C., com Teglat- Falasar III da Assíria e termina com a revolta do judeu Simão Bar Kokba e seus séquitos, em 132-135 d.C.

 



1.      Invasão Assíria (738-609 A.C.)


A Assíria pretendia controlar todas as vias de acesso ao Egito, e a Palestina é um ponto estratégico. Assim, no tempo de Teglat-Falasar III (745-727), a Palestina foi conquistada pela Assíria. Teglat-Falasar chega pela primeira vez na Palestina em 738, mas na sua segunda passagem, em, 734, começa o desmembramento de Israel (o Reino do Norte).
Em 734, Judá torna-se submissa do Império Assírio e em 722, a Samaria torna-se província da Assíria (no tempo de Sargão II). Em 701, Judá á reduzida unicamente a sua capital, Jerusalém.
De 752 a 722, Israel assiste a três golpes de estado. Estes fatos fazem o profeta Oséias compara Israel a uma prostituta (Os 2,4-7).
Os assírios, ao se apropriarem do Reino do Norte, impuseram governantes e levaram a população urbana para outros lugares do Império. Os removidos eram na sua maioria, as lideranças do povo, ou aqueles que tinham a tarefa de governar e tinham poder de decidir as questões econômicas e políticas.
Quer dizer, além de nomear um governador assírio, removia-se uma boa quantidade de líderes da sociedade, trocando-os com líderes removidos de outras zonas conquistadas. Esta prática se encontra documentada em inscrições assírias além de textos bíblicos que testemunham que foi o que se fez em Israel (2Rs 15,29; 17,24). Buscava-se, com isso, desarticular a vida nacional, mantendo nas cidades uma população urbana de línguas e costumes diferentes da população camponesa. (PIXLEY, 1991, p. 66).
A população camponesa que permaneceu em Israel continuou praticando o judaísmo galileu e o judaísmo samaritano. Outros (intelectuais e administradores) fugiram para Judá, aderindo Judá como o verdadeiro Reino querido e cuidado por Javé e proclamando que o templo de Jerusalém era o único lugar de culto.
No tempo do rei Ezequias (716-697), no Reino de Judá, a tradição trazida do Reino do Norte (Eloísta) uniu-se a tradição do Reino do Sul (Javista). É escrito uma parte do pentateuco e também a história de Josué, aquele que entrou na terra prometida conduzindo o povo. Queria-se fazer referência ao novo contexto de Judá, em que era necessária também uma união em torno de um líder, este era Ezequias.
Na época da queda de Samaria (722 a.C.), alguns levitas emigraram para o Reino do Sul, refugiaram-se em Jerusalém. Trouxeram consigo experiências, rituais de renovação da Aliança e tradição que foram bem recebidos pelo rei Ezequias, somando-se aos seus esforços de renovação. (A FORMAÇÃO DO POVO DE DEUS, 1990, p.77).

Houve um grupo que não ficou satisfeito como a reforma de Ezequias que centralizava o culto no templo. Esta alguém era o profeta Miquéias, um profeta do campo, que defende o direito dos camponeses e denuncia a opressão da cidade sobre o campo.
A reforma de Ezequias foi interrompida pela invasão de Senaquerib (701) e quem assume o poder é Manasses. Manasses promove a mais violenta opressão e possibilita a idolatria (permite que se cultue em lugares altos).
Ezequias, rei de Judá (728-659 a.C.), com sua atitude de restaurador da religião tradicional, favoreceu essa obra de reagregação. Mas, o seu filho e sucessor, Manassés, durante longo reinado (698-643 a.C.), destruiu o que seu pai fizera, chegando a introduzir no templo do Senhor os ídolos de populações estrangeiras. Chegou também a perseguir quem era fiel à religião de seus pais. (BOGGIO, 1984, p.20).

Este período da reforma de Ezequias, da invasão de Senaquerib e do governo de Manasses é acompanhado pelo profeta Isaías.
Logo após a invasão de Senaquerib e o aparente fracasso da reforma de Ezequias, é escrito o livro de Deuteronômio, conhecido como o Livro da Aliança.
Quando o Império assírio entra em decadência (fins do séc. VII), as lideranças judaicas retomam o projeto de Ezequias, agora sob o governo de Josias. O livro do Deuteronômio, que fala da aliança de Javé com seu povo durante a história, é lido a partir deste novo contexto, em que o rei torna-se o intermediário da aliança.
O profeta Isaías não via com bons olhos a ideologia de unidade pregada pelo rei Josias. Os escritores deuteronomistas eram visto como um aparelho de legitimação deste modelo de governo. Contudo, os deuteronomistas viam em Jeremias um aliado contra a casta sacerdotal, que se sentia o elo e mensageiros entre o povo e Deus através do culto no templo.
O projeto de Josias termina em 609, quando morre com 39 anos de idade.


2.      Invasão e hegemonia babilônica em Judá


De 609 a 605, Judá esteve sob o jugo do Egito, que lhe extorquiu tributos e que também colocou Joaquim no trono. Em 605, a Babilônia surge como uma potência hegemônica, derrotando o Egito e assumindo os territórios da Assíria, bem como, assumia também o aparelho administrativo (receber tributos das nações vassalas).
A Babilônia invade o Reino do Sul (Judá) somente em 597, e o motivo foi a retenção de tributos de Joaquim. Quem, contudo, sofreu as conseqüências foi o governo de seu filho Joaquin. A Babilônia invade a Palestina. Com a invasão, houve também uma deportação. Nabucodonosor levou a elite de Judá para o cativeiro, na Babilônia.
As tropas de Nabucodonosor, rei da Babilônia, que em 587 (ou talvez 586) puseram fim ao Reino de Judá, não derrubaram apenas Templo e muralhas: arrasaram também o ânimo, quando não a fé, de muita gente que escapou à espada do inimigo. Não era só mais uma crise que se abatia sobre este povo já tão provado: era a pior de todas. O dolorido canto das Lamentações resume o estado de espírito dos sobreviventes. (GRUEN, 1983, p. 137)
No lugar de Joaquin ficou Sedecias, filho de Josias. A população fica divida entre aqueles que aceitam o governo de Sedecias e aquele que não aceitam, pois esperam o retorno do rei anterior.
No governo de Sedecias, o profeta Jeremias critica a ambição de tornar a Palestina independente e, por outro lado, apóia as ações da Babilônia. Para Jeremias, Javé quer o distanciamento da casa de Davi, pois havia muita corrupção entre os sacerdotes e os líderes do povo. Contudo, o rei Sedecias não escuta o profeta e sofre as conseqüências.
Sedecias, na sua ambição de tornar a Palestina independente, atrái outra expedição de Nabucodonosor, em 586, e o resultado é uma segunda deportação e a destruição dos muros de Jerusalém, bem como de seu templo. Sedecias é deposto e no seu lugar assume Godolias.
No governo de Gogolias, o povo se divide em três grupos: os que apóiam os exilados na Babilônia que depositavam sua confiança em Joaquin e os que se refugiaram em Amon. Este último grupo assassinou Godolias e fugiu para o Egito, levando junto os profetas Jeremias. Após este acontecimento, se dá a terceira deportação, em 582. Permaneceu em Judá somente a população camponesa e humilde, sendo que Judá tornara-se província de Samaria.
Este período fez surgir a chamada história deuteronomista, escrita pelos que haviam feito a revisão deuteronômica, no tempo de Josias. Se na revisão deuteronômica do tempo de Josias o templo era o único lugar de culto, e a Aliança de Javé era garantida pelo rei, nesta nova revisão, feita após a destruição do templo, a Lei torna-se maior do que o culto. Se destaca ainda a rebeldia de Israel, entendendo a monarquia também como uma rebeldia.
Evidentemente, os deuteronomistas não estavam interessados em deixar um minucioso documentário para eventuais historiadores do futuro; o que visavam era repensar toda a história israelita, com seu trágico desfecho do ano 587, à luz de sua fé; ou seja, visavam uma teologia da história; e não como mera teoria, mas para alimentar a esperança de um povo imerso em profunda crise de esperança e de fé. (GRUEN, 1983, p.139).

Segundo Richard Elliott, é neste período que é composto o pentateuco em sua redação final, com a junção das tradições Judaíta (J) e Israelita (E), organizada e interpretada pela casta sacerdotal (P).
Os sacerdotes dão relevância ao tabernáculo. Javé se tornava presente no sacrifico em frente ao tabernáculo.
Ouve duas vertentes proféticas que tinham duas visões distintas acerca da restauração. Ezequiel defendia a restauração em torno do templo, já o segundo Isaías (Is 40-55) acreditava que o templo era algo secundário, pois as promessas feitas a Davi não se para todo o povo. Isto é:
As importantes promessas eternas feitas a Davi se cumpriram não em um novo rei, mas em uma nova situação paradisíaca para todo o povo (Is 55,1-3). A nação de Israel tem uma missão a cumprir entre todas as nações da terra (Is 49,6). Seus sofrimentos têm uma função salvífica. As nações irão maravilhar-se e crerão quando Javé exaltar o servo antes castigado (Is 52,13 – 53,12). (PIXLEY, 1991, p. 89).
Assim como o profeta Jeremias interpretou a mudança sócio-política de Israel como ação de Deus, o profeta Isaías vai interpretar a queda da Babilônia como uma missão de Ciro, rei persa, visto por Isaías como um servo de Javé.


3.      A invasão e a hegemonia persa


Quando Ciro entra na Babilônia (539), não houve resistência. A cidade simplesmente foi entregue, e o império babilônico foi vencido sem que fosse derramado uma gota de sangue.
A política do reinado de Ciro era deixar que os povos conquistados praticassem a sua religião. Daí que este rei permite o retorno do povo judeu que estava no exílio, e promulgou um edito onde devolvia tudo aquilo que tinha sido roubado do templo de Jerusalém pelos reis anteriores. Sasabassar foi encarregado de liderar o retorno do exílio e começar a reconstrução do templo.
A reconstrução do templo e a retomada do culto em Jerusalém não aconteceu de um modo tranqüilo. Havia forças contrárias a este projeto: as elites que viviam na província (Judá era província de Samaria) e os povos da terra (latifundiários). As elites já tinham os seus santuários, não obstante, temiam que sua autoridade fosse diminuída diante do povo. Já os povos da terra, no princípio, tiveram a idéia de apoiar a ajudar a reconstrução do templo, porém sua oferta de ajuda não foi aceita, pois havia uma ideologia de pureza, de genealogia entre aqueles que retornavam (que se diziam judeus de pureza racial) e os que haviam permanecido na palestina (judeus de descendência duvidosa).
O novo templo era reconstruído pelos exilados. Recordando os assentamentos de estrangeiros do rei Asaradon, questionaram a legitimidade dos que viviam na Palestina. Este tipo de conflito entre os que viveram no exílio e agora regressavam com o apoio do governo persa e os que permaneceram no país explica o grande interesse nos textos desta época pela pureza racial. As genealogias eram armas que os exilados esgrimavam contra os israelitas do país. (PIXLEY, 1991, p. 93).
A reconstrução do templo foi interrompida e só reiniciou no reinado de Dario, em 520. A reconstrução do templo foi confiada a Zorobabel.
Na reconstrução do templo, tivemos dois profetas que apoiavam: Ageu e Zacarias. Houve, por outro lado, profetas que condenaram essa ideologia de pureza e de ritualismo. São conhecidos como profetas anônimos, e seus textos podem ser encontrados no que é chamado terceiro Isaías (Is 56-66): profecias contra o templo (Is 66,1-2), contra os jejuns (Is 58,1-22), contra as genealogias (Is 56,1-7) e a idéia de que Deus está também no meio dos oprimidos (Is 57,15).
Outro ideólogo da reconstrução do templo e da identidade do judeu foi Esdras, que fora enviado pelo rei a fim de que cuidasse para que a Lei (o pentateuco) fosse cumprida na terra de Judá. A posição de Esdras era de rigorismo na lei. Tal rigorismo obrigava os habitantes de Judá a não contraírem matrimônio com mulheres estrangeiras, e obrigava ao divórcio aqueles que havia feito tal matrimônio misto.
Para reforçar este pensamento vigente, Neemias é enviado em 445 a.C. à Jerusalém para reconstruir os seus muros, além disso, incentivar a povoação da cidade e implantar leis necessárias para a convivência e a ordem. Com Neemias, Judá se distancia administrativamente da Samaria.
O período pós-exílico, com exceção do começo e do fim, transcorre, pois, sem acontecimentos e figuras de relevo. Os grandes personagens do começo, na realidade são modestos. Ao lado de Moisés, Davi e Isaías, parecem apagadas as figuras de Esdras, Neemias e Ageu. Falta-lhes antes de tudo a capacidade criativa. Eles são imitadores. ‘Época dos epígonos’ é como é chamado o período pós-exílico. De fato, nenhum deles – mesmo no período dos Macabeus – teve a intenção de anunciar algo de novo; queriam apenas restaurar o passado, e o fato de o passado não ter sido integralmente restaurado não estava em seus planos. (SCHREINER, 1978, p.351).

Houve, porém uma ruptura no judaísmo quando as comunidades dos judeus residentes em Elefantina, no Egito, construíram um templo na província de Samaria. O local é Garizim. A tradição diz ser onde Josué reúne as tribos, antes de morrer (Js 24).
Os livro de Crônicas I e II é escrito um pouco antes desta separação.  Neste relato, valoriza-se as árvores genealógicas. Conta uma outra história, de Davi a Nabucodonosor, onde os levitas são tido como os verdadeiros profetas, que profetizam através de seus cantos. É uma interpretação contrária aos antigos profetas, pois desta vez a profecia não é contra a monarquia, mas se dá a partir dela.
Esta atitude suscitou a indignação de uma corrente profética que criticou a idéia de profetismo. São chamados de “deutero-profetas”.
O contraste entre Crônicas e os deutero-profetas é a expressão religiosa de um conflito de classes. É o enfrentamento do povo humilde do campo contra os exilados que voltaram a se instalar em Jerusalém, durante a dominação persa. Voltaram com a pretensão do império e como legítimos representantes da fé em Javé. Foi uma tentativa de roubar a fé do povo, convertendo-o em instrumento de sua própria opressão. (PIXLEY, 1991, p. 101).
Os deutero-profetas queriam resgatar a verdadeira identidade do profetismo, como denúncia a partir do povo que sofria, e por isso que o profeta Zacarias condena a pretensão levítica de tornarem-se porta vozes de Deus (Zc 13,2-6).


4.      O período de dominação helenística (322-167)


Alexandre Magno, ao se encaminhar para a conquista do Egito, faz da Palestina um de seus territórios. Alexandre não dominou pessoalmente a Palestina. Morreu em 323 a.C., na Babilônia. Após sua morte, seus reinos foram disputados por seus generais, e a Palestina virou campo de disputa dos helenistas seleucos (cuja capital era Antioquia) e dos helenistas ptolomeus (de Alexandria).  Os seleucos dominaram o lado Oriental do Império (Pérsia Babilônia e Armênia). Os ptolomeus, por um século, foram os dominadores da palestina. Foi um tempo de muita exploração econômica, porém, era uma exploração que não transpassava crueldade que o povo considerou um tempo de paz.
O domínio dos ptolomeus durante um século deu à Palestina um dos mais longos períodos de paz que jamais conheceu a história. Foi, contudo, um tempo de exploração econômica muito aperfeiçoada. (PIXLEY, 1991, p. 103).
Sob os ptolomeus, a história de Israel não teve grandes acontecimentos a não ser a implantação das cidades helenísticas. As cidades helenísticas dividiram a população entre cidadão livres, que eram os donos das terras e governavam a cidade, e o restante da população (a maioria), que trabalhava nas terras dos cidadãos que moravam na cidade. Estes eram agricultores, os verdadeiros donos das terras mas, com a criação das cidades helenísticas, “tornaram-se diaristas sobre terras alheias sem nenhuma participação nos assuntos públicos”. (PIXLEY, 1999, p.105).
Nas cidades helenísticas, o lugar mais importante era o ginásio, lugar onde estudava os jovens do sexo masculino. Os jovens eram instruídos nas artes literárias, nas virtudes militares e nas práticas esportivas.
Em Jerusalém, o Sumo Sacerdote teve duplo papel: administrar a cidade (com a ajuda Sinédrio) e “o Sumo Sacerdote era responsável por levantar grandes somas de dinheiro para o Estado”. (PIXLEY, 1999, p. 105).
Em 198 os selêucidas dominam a Palestina. Porém, não souberam administrar como os ptolomeus. Devido aos altos tributos cobrados da população judaica, que cada vez mais era aumentado, foi um ensejo para a insurreição judaica (revolta dos macabeus).
O livro bíblico surgido nesta época é o Eclesiástico, escrito por Jesus Ben-Sirac, e tem por mensagem a sabedoria que encontrou morada no culto. Um ano mais tarde, contrariando a perspectiva de Jesus Ben-Sirac, a aparente harmonia e paz são abaladas com a revolta dos macabeus.
O período do governo hasmoneu foi um tempo de muitas lutas populares. A dinastia hasmonéia conquistou muitos territórios. Seu fim deu-se com Salomé Alexandra (76-67). No tempo de Alexandre Janeu (103-76) e Salomé, governava a Judéia Antipas, cuja família vai ser muito influente no tempos seguintes, quando o império romano vai comandar a região.

 


5.      O período da dominação romana sobre Israel (63 a.C. a 135 d.C).



Os judeus não eram a principal ameaça contra os romanos. A ameaça era os partos. Próximo à Israel, oferecia perigo os árabes. Com Herodes Idumeu(37 a.C-34 d.C.) governando Israel, foi possível concentrar as formas romanas para defesa contra os persas. Herodes tinha o respaldo da Palestina porque fora casado com Mariana, da família dos hasmoneus. Por outro lado, tinha o respaldo romano porque apoiava os projetos romanos, principalmente a criação de cidades helenísticas “onde adornou suas avenidas com estátuas com estátuas e construiu ginásios e outras obras que para os judeus eram pagãs.” (PIXLEY, 1999, p. 125).
As cidades helenísticas contribuíram para o afastamento da população das decisões políticas bem como dividiu o povo em classes. As cidades helenísticas semearam a pobreza da população ao expropriarem suas terras e as entregarem aos chamados “cidadãos”.
As aldeias que tiveram a desgraça de cair dentro da esfera de influência das cidades, que em número crescente se fundaram nesta época, tiveram expropriadas suas terras para formar o patrimônio a ser distribuído aos cidadãos. Estes cultivaram ‘suas’ terras agora privadas através de administradores, escravos e operários assalariados, sistema que conhecemos pelas parábolas de Jesus. (PIXLEY, 1999, p. 124).
Os romanos tentaram dividir os judeus nas suas diferenças como judeu idumeu (que eram judeus mas não tinham genealogia), judeu e galileu, mas a população não aderiu.
No tempo de Herodes o Idumeu o templo foi reformado e ampliado. Foi construído um palácio e um anfiteatro. Tudo isso sobrecarregou a população com mais impostos.
Sob a população estava uma pesada estrutura de impostos. Três vias eram por onde a população era explorada pelo império: pela via dos cobradores de impostos, pela via do Estado e pela via do Templo. 
Não houve um consenso na interpretação das escrituras, e isso possibilitou, segundo  Josefo, a criação de três linhas ideológicas: os saduceus, os fariseus e os essênios. O primeiro grupo era composto por aristocratas que viviam no templo e do templo. Os outros dois eram da classe média e seguiam um estilo de vida rigoroso, segundo as leis judaicas. Josefo chama de uma “quarta filosofia” o movimento que pregava a insurreição armada e a tomada do poder político: “sicários, zelotas, idumeus, seguidores de João Gíscala, e seguidores de Simão Bar-Giora” (PIXLEY, 1999, p. 127).
Como movimento dentro da Palestina dominada pelo império romano temos o grupo de Jesus de Nazaré. É um grupo que não se importava com a tomada de poder, mas suas duras críticas ao templo e a exploração do povo levaram a morte de seu líder, Jesus, e a perseguição e morte de seus apóstolos e discípulos, que tiveram de deixar a cidade de Jerusalém.
Josefo cita um tal de Teudas (44-46 d.C.) que se dizia profeta. Seu movimento teve fim com a decapitação de Teudas.  Cita ainda a crucifixão de Tiago e Simão, filhos de Judas o Galileu que em 6 d.C. liderou uma revolta na Galiléia.
Em 66 houve uma revolta contra Roma, cujo motivo foi “a decisão do imperador Nero a favor dos gregos em um litígio em torno de uma sinagoga na cidade de Casaréia.” (PIXLEY, 1999, p. 131). Nesta guerra, Flávio Josefo é enviado pelo Sumo Sacerdote Anano para dirigir a campanha da Galiléia. Josefo foi capturado em 67d.C., na derrota de Jotapata.
Em 67, os zelotas e os idumeus assinaram o sumo sacerdote sob o pretexto que este estaria tramando com os romanos. No seu lugar foi eleito democraticamente um certo Phani.
Na luta em Jerusalém, os sicários (caracterizados por transportar um punhal em meio a roupa), eram liderados por Manaém.
Foram eles que incendiaram a casa de Ananias, um sumo sacerdote, e o edifício dos arquivos públicos, onde se encontravam os controles das dívidas dos pobres (Bell II, 427). Retiraram-se da cidade e resistiram na fortaleza de Massada até o ano 74 d.C. (PIXLEY, 1999, p. 131-132).
Na batalha de Jerusalém, os principais líderes foram João de Gíscala e Simão Bar-Giora.  Toda a população foi obrigada a participar da guerra. Todavia, o poder do império romano era infinitamente maior do que as forças populares, e os judeus foram esmagados pelo exército romano. O último foco de resistência foi Massada (74 d.C).
Em 132 d.C explodiu outra revolução liderada por Simão Bar Kokba, assessorado pelo rabino Aquiba, com a finalidade de promover a reforma agrária, no tempo do Imperador Alexandre. A revolta terminou em 135, com a morte de Simão.
O último golpe romano foi destruir a identidade cultural dos camponeses, destruindo os seus espaços de culto.
O judaísmo sobreviveu, porém, fora de Jerusalém e de seus muros que não existem mais. “Ser judeu deixou de significar pertença ao povo camponês de Israel para converter-se em pertença a uma comunidade que vive de acordo com as leis e costumes dados por Moisés e que os rabinos interpretam.” (PIXLEY, 1999. p. 134).

CONSIDERAÇÕES FINAIS


O livro “A história de Israel a partir dos pobres”, de Jorge Pixley norteou o nosso trabalho. Procuramos, contudo, corroborar as suas afirmações com outros autores.
É uma satisfação pessoal poder conhecer a história de Israel, e saber que o cristianismo não rompeu, mas continua esta história em busca de paz e da realização das promessas feitas aos patriarcas, embora iluminados pela ressurreição de Cristo e sabendo que as promessas já começaram a ser cumpridas, quando Cristo vem inaugurar o Reino de Deus.
As invasões sofridas pela nação de Israel nos fazem entender a divisão que surge entre o povo (por divergências em torno da interpretação da Sagrada Escritura), e o motivo do povo judeu ter tanto aversão aos povos estrangeiros.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS




BOGGIO, Giovanni. Jeremias: o testemunho de um mártir. Tradução de Irmã Isabel Fontes Leal Ferreira. São Paulo: Paulinas, 1984. 173 p.

CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil). A formação do povo de Deus. São Paulo: Loyola, 1990. 159 p.


GRUEN, Wolfgang. O tempo que se chama hoje: uma introdução ao Antigo Testamento. 5 Ed. São Paulo: Paulinas, 1983. 275 p.

PIXLEY, Jorge. A história de Israel a partir dos pobres.  3 ed. Tradução de Ramiro Mincato. São Paulo: Vozes, 1999. (Coleção Deus conosco). 136 p.


SCHREINER, Josef. Palavra e mensagem: introdução teológica e crítica aos problemas do AT. Tradução de Benôni Lemos. São Paulo: Paulinas, 1978. 579 p.

 

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